sexta-feira, 24 de setembro de 2010

UMA BELA VITÓRIA - Igor da Silva e Douglas Farias

UMA BELA VITÓRIA


Eu era noiva, morava em Mato Grosso do Sul com meus pais. Mas o meu futuro marido tinha planos de se mudar para Rondônia. Foi quando resolvemos nos casar meio que às pressas porque eu queria ficar perto dos meus pais por pelo menos três meses para ir me acostumando a ficar sem eles. Após os três meses, eu, meu marido, meus sogros, meu irmão, esposa e filho e dois irmãos do meu marido, sendo um ainda pequeno e o outro já com esposa e filho, viemos para Rondônia. Antes de virmos, meu irmão, meu marido e o irmão dele, compraram um caminhão cada, na promessa de chegarem aqui e trabalharem para poderem pagar aos poucos. Meu sogro já tinha uma F-4000.
A viagem foi muito longa e cansativa, na época ainda não havia asfalto. Nosso dinheiro era pouco, só dava para pagar o óleo diesel e comprar comida para as crianças. Para a nossa sorte, um primo do meu marido nos deu um carneiro para nos alimentarmos durante a viagem.
Apesar de toda a dificuldade, a viagem foi boa. Demoramos seis dias para chegar a uma pequena cidade chamada Ariquemes. Aqui era muito diferente do que é hoje, a maioria das casas eram de madeira, não eram muradas. As ruas não tinham asfalto, era muita poeira.
A casa que iríamos morar era como um salão, não tinha divisão e não foi nada fácil porque estávamos em quatro grupos de família e tivemos que improvisar. Dividimos os cômodos com guarda-roupas e armários. O restante da mudança ficou em cima dos caminhões. Nós só tínhamos uma certeza: que deveríamos trabalhar para cada um ter a sua própria casa. Foi então que iniciamos nosso próprio negócio.
Pegamos a F-4000 e compramos muitas frutas e verduras e nós, mulheres, fomos vendê-las com alto falante nas ruas. Os homens também tiveram que se virar. Encomendaram carrocerias de tora para os caminhões, montaram uma sociedade e começaram a trabalhar de toreiro. No início, eles encontraram muitas dificuldades, pois não entendiam absolutamente nada dessa profissão. Iam para a floresta, ficavam a semana inteira e voltavam tristes, sem nada, com os caminhões vazios e com os pés todos inchados com picadas de insetos e enquanto isso, as mulheres trabalhavam com as vendas e assim podíamos comprar o nosso alimento.
Com o passar do tempo, os homens foram aprendendo a nova profissão que estavam exercendo e começaram a obter lucros. Compramos três sítios e algumas cabeças de gado, cada um comprou sua própria casa.
Tive minha primeira filha, e ela é especial. Quando ela fez dois anos, fui pra São Paulo juntamente com meu marido e ela. Lá ficamos cinco meses para que ela fizesse todos os exames necessários para obter um diagnóstico. Mas o médico nos disse que o caso dela não tinha remédio. Depois disso, a sociedade entre meu marido, meu cunhado e meu irmão foi desfeita. Cada um foi viver sua própria vida, as mulheres já não mais trabalhavam com as vendas. Para mim e meu marido foi um novo recomeço. Vendemos uma parte do gado, compramos equipamentos de trabalho e contratamos alguns funcionários e ele continuou exercendo sua profissão de extrator de madeira. Eu comecei a fazer pinturas em tecido, jogos de cozinha, cortinas, colchas e com isso ganhei muito dinheiro, mobiliei minha casa. Lembro-me que na época a energia faltava muito por que era movida à lenha. Com o meu trabalho, comprei um motor para gerar energia para assim facilitar a nossa vida. O tempo foi passando e tive minha segunda filha. Precisei abandonar meu trabalho para poder cuidar da nova integrante da família.
Enquanto isso meu marido continuava trabalhando e os negócios evoluíam bastante. Assim, compramos mais caminhões e tivemos que contratar mais funcionários. Com minha segunda filha já crescidinha, comecei a ajudá-lo nos negócios. Montamos duas empresas, uma de extração e uma madeireira. Hoje meu marido e eu trabalhamos na parte administrativa financeira das empresas.
E tenho muito orgulho de dizer que essa é uma história que deu certo. Família Mendes e Araujo.
De 1983 aos dias atuais...
(Igor da Silva e Douglas Farias)


Profa.:ROBERTA

Um comentário:

  1. Realmente são ótimas histórias. Estou amando ler cada uma delas. RElembro da época em que chegamos aqui. Claro que não era tão dificíl como foi para esse pessoal mas também tivemos as nossas histórias. Parabéns!!!

    ResponderExcluir